Sem camisa no barbeiro e um pouco sobre masculinidade

Olha, desde moleque me amarrava em ficar sem camisa, só tinha um porém: muita vergonha!
Não quero discorrer muito sobre isso, porque envolve várias situações sobre a por que eu me envergonhava em ficar sem camisa. Acontece que sempre liguei o fato de estar sem camisa como uma expressão da força da masculinidade, algo que eu aprecio muito. Sempre admirei a virilidade nos homens, assim como sempre quis ser um homem viril. Não quero ser machista, não acredito que para ser um homem viril esteja ligado a ser machista ou desrespeitar as mulheres. Mas que há na virilidade uma imagem própria de como um homem pode parecer o que sempre admirei. Moro na região norte do brasil, onde o comum, nas ruas que cresci, é que o homem fique sem camisa no seu dia a dia. É algo próprio dos homens, quase uma necessidade masculina. Logo, eu ter vergonha de ficar sem camisa me afastava dessa masculinidade. Após muitas tentativas de andar sem camisa, vencer essa vergonha, algo que levou anos, aos poucos comecei a me sentir confortável em aparecer sem camisa, aos poucos eu passei a ignorar o que outros pensam ou falam sobre eu estar sem camisa.
A sensação de masculinidade era muito forte quando andava sem camisa, o fato de eu não me importa o que outros pensam ou acham, ligado ao fato que é uma necessidade masculina minha e que eu estava agindo como qualquer homem, me tornou mais confiante e pouco preocupado com os olhares alheios.
O babeiro que eu sempre frequento, costuma ter muitos clientes. Diversas vezes encontrei homens sem camisa por lá. Por ser sempre cheio, o costume é aguarda sua vez sentados nos bancos, assistindo ao futebol na televisão. O lugar é bem refrigerado, porém muito apertado. Um ambiente muito masculino o que me fazia perceber que ficar sem camisa em lugares que era permitido não era algo tão surreal assim, nem motivo de vergonha. Somos homens, ficamos sem camisa!
Houve uma vez, que o mês estava muito quente. O calor que fazia na cidade era infernal. Era impossível atravessa a rua sem desidratar. O sol queimava. E a distância entre minha casa e o barbeiro era de quatro quarteirões. Era domingo, pela rua eu não encontrava nem um homem usando camisa, apenas eu. Percebi como eu estava senda idiota, pois eu também sou homem, tenho colhões entre as pernas, por quais razões eu deveria me envergonhar de andar sem camisa?
Estava quente, porra, o sol estava escaldando. Saquei a camisa, com certa raiva. Entrei no barbeiro suado. Ali dentro, o clima estava muito melhor. Mesmo com o ambiente no ar-condicionado, eu não voltei a vestir a camisa. Ninguém se importou comigo sem camisa, muito menos o babeiro. E o lugar estava cheio, enquanto eu  aguardava assistindo ao futebol, eu já não estava suado e até estava sentindo um pouco de frio por causa do ar-condicionado, mesmo assim, não vesti a camisa. Quando chegou a minha vez, apões quarenta minutos, sentei na cadeira sem camisa mesmo. Logo apareceu mais clientes, mais homens sem camisa.
Retornei para casa me sentindo pela primeira vez um homem de verdade, não mais um moleque. A confiança dentro de mim aumentou. Eu me sentia melhor comigo mesmo, mentalmente mais forte. Porque nós costumamos ceder muito para medos imbecis, pequenos, medos esses que nos tornam mais fracos para enfrentar desafios realmente mais difíceis. Está sem camisa é uma necessidade de muitos homens, então devemos ter a confiança de tirar elas, sem se preocupar em se justificar demais.