Trilha sem camisa

Essa é minha aventura descamisada mais recente. Na minha cidade, lugar frio e sem praia, não é tão comum andar sem camisa pelas ruas. Apesar disso já estou acostumado e já cruzei o centro várias vezes sem camisa.

Na última semana estive viajando de férias e, num dos dias, optei por fazer uma trilha. Na real era mais seguir uma estrada de chão entre morros e praias do que uma trilha realmente, mas não deixa de ser uma caminhada longa. Como estava muito quente, embora não estivesse ensolarado, logicamente optei por ir sem camiseta a trilha toda. E assim o fiz.

Saí da pousada e já fiz questão de tirá-la e guardá-la bem fundo na mochila. Caminhei cerca de meia hora na orla. Era uma praia bem calminha. Tinha um pessoal se banhando, pescadores arrumando os barcos, alguns sem camisa também. Mais adiante, virei numa rua cidade adentro. Ninguém se importou pelo fato de eu estar sem camisa, afinal, litoral, verão, é a coisa mais normal de se ver por lá.

Enfim, cheguei na estradinha de chão. Já estava há uns 2km do hotel. Fui andando, subindo lentamente um morro e ao longo do caminho, as construções iam ficando mais escassas. Até que cheguei no meio do mato. Nada de sinal no celular, nada de carro passar. Só o som das árvores e do mar. Nessa hora começou a cair uma garoa de leve. Pensei que minha caminhada descamisada teria ido por água abaixo e que, caso engrossasse, teria de vestir. O que não aconteceu. Logo a garoa havia parado.

Segui a estradinha por quase uma hora sem nenhum carro ter passado por mim em qualquer sentido. Foi uma sensação boa mas ao mesmo tempo assustadora. E se algo de ruim acontecesse? Não adiantava pensar nisso. Só me restava era seguir em frente. E por mais que não estivesse ensolarado, eu já estava pingando de suor, pois era uma subida quase infinita kkkkkk

Passado um tempinho, cheguei num ponto que é relativamente movimentado. Um mirante no alto de um morro com vista para as praias no entorno. Ali sim vi algumas pessoas. Ninguém se importou por eu estar sem camisa ali. Ainda mais com o tempo meio feio, nublado e com garoa. Havia uma fila pequena pra tirar foto na beirada. Entrei na fila e fiquei aguardando. Na minha vez, comecei a tirar fotos, selfies, gravar vídeos, até q uma mulher se ofereceu pra tirar foto minha e aceitei. Em nenhum momento precisei vestir a camisa. Todas as fotos que tirei foram sem.

De volta à trilha, agora seria uma descida, pois mais adiante havia um acesso a uma dessas praias. A partir daqui já passava carros com mais frequência. Em nenhum momento me deixei intimar por estar sem camisa. Cheguei no acesso à praia e lá haviam algumas casas, quiosques, toda uma estrutura ali. Cheguei na areia, tirei o tênis e caminhei seguindo a orla. Na pontinha da praia, havia umas pedras que, passando por elas, levaria a outra praia, mais afastada. Calcei o tênis de novo para poder andar nas pedras.

Nessa segunda praia, havia apenas alguns pescadores mais ao longe. Nesse momento, encostei em algumas pedras pra descansar um pouco e fiquei observando o mar. Passou pela minha cabeça entrar no mar, dar um mergulho. Porém não havia trazido outro calção e não queria voltar com esse encharcado. Se não tivesse absolutamente ninguém, até entraria no mar pelado pra não molhar as roupas e me secaria com a camisa. Mas não teria como na hora.

Passado um tempo, decidi voltar e terminar a trilha logo. Era quase meio dia e estava ficando com fome. Voltei, comecei a subir por onde havia descido para a praia e, dali em diante, até o final da trilha, toda hora passava algum carro por mim. Aos poucos, construções iam aparecendo ao redor. Estava de volta à cidade. Chegando numa avenida mais movimentada, optei por pedir um Uber pra voltar pro hotel. Estava bem cansado e caminhando levaria de 40 minutos a uma hora para chegar. Até pensei em perguntar ao motorista se poderia entrar sem camisa, mas como estava suado de tamanha caminhada, optei por vesti-la mesmo.

Enfim, esse é o meu relato mais recente. Desculpe o textão kkkkkk. Embora não pareça muita coisa, eu adorei poder me enfiar no mato sem camisa, passar por um monte de pessoas e, principalmente, pelo fato de ali ninguém ligar para eu estar sem camisa.