Tirar a camisa
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Rafael257
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Data de inscrição : 04/01/2023
Localização : Porto Alegre, Rio Grande do Sul

Um simples ato, muitas descobertas Empty Um simples ato, muitas descobertas

Qua 4 Jan 2023 - 22:41
Olá, pessoal!
Meu nome é Rafael, sou novo no fórum, mas quero começar contando como foi a minha história com o descamisamento.
Como qualquer criança, era normal na minha infância ficar sem camisa, na hora de jogar futebol na rua (jogar bola, como dizemos no sul). Isso entre meus 7 e 12 anos de idade.
Em casa, no entanto, eu costumava ficar de camiseta, pois em casa eu tinha um pudor maior.
Um fato, porém, havia me marcado. Quando eu saia do banho, sem camiseta, e ia pôr a roupa, a minha prima fica me espiando pela fresta da porta. Ela ficava me contemplando, mesmo eu já estando vestido na parte de baixo. Na hora, isso me dava repulsa (até porque eu era criança). Bem, isso será importante mais à frente no relato.
Os anos foram passando e, contudo, a acne foi se desenvolvendo em mim. A princípio, ela era presente severamente no rosto. Com o passar dos anos, a sua presença na face foi diminuindo; se transportara, entretanto, para o meu corpo. Por volta de meus 13 ou 14 anos, eu tinha já as costas e o peito com muitas espinhas e cravos. Nessa mesma época, por algum motivo estranho, e que até hoje nunca pude entender, eu comecei a desenvolver uma repulsa pela vida natural: ficar sem camisa e usar chinelos. Quando via algum dos meus tios, meu pai, amigos ou qualquer homem, sem camisa ou usando chinelo (ou mesmo mulher usando-os), eu ficava com uma sensação de: "nossa, que breguisse, que manifestação de pobreza". Usava sempre camisa e tênis all-star, mesmo durante o verão. Achava que assim estava "melhor do que os outros", mais "elegante", Tinha também o fato das espinhas e cravos, que me causavam certa vergonha de andar com a parte superior desnuda.
Tudo mudou no meu último ano escolar. Como era o último ano de escola, minha turma planejara um passeio para um sítio com psicinas, trilha e cachoeiras. Ter de ficar sem camisa, lá, e de chinelos fora algum bem estranho, pelos primeiros minutos. Desde lá (e infelizmente até hoje), já tinha uma circunferência abdominal que me incomodava. Nessa época eu estava começando a ganhar uma barriguinha feia, ainda que não fosse gordo em todo o resto do corpo.
Nesse passeio, porém, acontecera algo literalmente inexplicável. Havia ficado simplesmente inebriado com aquela simplicidade, naturalidade e liberdade do ambiente. Vendo a nossa guia, tão linda e sublime, mas não necessariamente no sentido físico, mas na impressão que sua imagem me causava: chinelinhos, shortinho, camisetinha leve; um jeito leve, uma forma de falar leve. Aquela impressão ficou marcada em mim e me fez querer viver daquele jeito sempre. Deixei os tênis de lado e peguei as sandálias abertas. Sim, o chinelo que me causava asco eu agorava amava de uma forma quase religiosa, virou um instrumento quase que de culto. Do ano seguinte em diante (pois o passeio havia sido em dezembro), nunca mais deixei de usar chinelos. Meus preferidos, que cheguei a usar por três anos cada, foram uma havaianas tradicional azul deliciosa e um havaianas preta de tiras mais grossas que as normais, tão leve e gostosa nos pés.
Mas e o descamisamento?
Esse foi passo definitivo de minha "jornada de tropicalização".
Um pouco depois, um acontecimento causou um desejo de começar a ficar sem camisa. Decidira assistir a novela Pantanal, pelo youtube, para poder saber o porquê ela era tão aclamada pela crítica especializada. A vida simples, a forma como as mulheres se instigam pela virilidade do homem trabalhador. Aquela coisa de andar com a roupa desabotoada. A ideia de ficar sem camisa passa a povoar meu imaginário. Mas ainda não havia tido coragem.
Por volta de 2016 eu conheci uma menina, pela internet, que me apresentará uma fato inusitado: ela me contou que uma das coisas que ela  amava, desde criança até ainda naquela época, já com 18 anos, era quando seu tio ia passar uns dias em sua casa e ficava sem camisa. Ela me contou que a primeira coisa que fazia, quando ele ia deitar na cama para descansar, era correr até ele e deitar em seu peito, ficar sentindo os pelinhos do peito, o aconhego e proteção que essa região do corpo proporcionava. Isso foi um motus de uma reflexão pessoal muito significativa. Nesse tempo eu ainda resistia muito a ficar sem camisa, porém, esse fato me fez despertar um novo entendimento, a sentir um estímulo que até então intuia, mas que nunca sentira claramente. Lembra que lá no começo eu havia contado sobre a minha prima? Pois bem, aquela lembrança voltará á tona. As pontas se juntaram. Eu passei a perceber que ficar sem camisa não apenas era agradável, mas poderia ser algo a mais. Ee eu passei a sentir no ato de ficar sem camisa mais do que uma simples liberdade e um "ficar à vontade". Ficar sem camisa passou a significar um sinal de virilidade, de expressão de minha posição de macho (aqui falo no atributos masculinos de caráter e de identidade, não necessariamente de forma e força física, ou da imposição de domínio sobre outros homens -aquela balela de macho alfa). Talvez pensemos que ficar sem camisa perto de uma familiar (uma prima, ou mesmo a irmã) irá causar a repulsa ou gracejo (zoação) da parte da mesma; porém, pode ser o contrário, pode instigar o íntimo feminino delas. Não entendam essas coisas em cunho da sexualidade banal. Não falo e não quero ser entendindo como alguém que está falando de coisas eróticas e sensuais. Estou falando em sentido naturalista, em sentido da poesia cotidiana de nossos sentimentos, mesmo que do despertar de nossa sexualidade ou senso de identidade (na mulher, a identidade de fêmea que quer ser protegida e aconchegada, ter um porto seguro nos peitos de um homem; no homem, a identidade da virilidade, de querer proteger, cuidar e aconchegar). Para completar a minha suspeita, quando comecei uma vida intensa de leitura, especialmente de história, o que amo estudar e aprender, comecei a perceber que a representação dos homens (egípcios, hebreus, gregos, romanos, etc.) era quase sempre sem camisa, especialmente quando os autores queriam realçar os aspectos da masculinidade destes. Assim é também nos filmes históricos.
Assim, passei a gostar de ficar sem camisa e a não ter mais problemas com o meu corpo, pois o meu maior estímulo para estar sem camisa era sentir os aromas da masculindade. Gostoso mesmo é ter nascido homem, ter nascido macho. Ao ficar sem camisa, minha prima e minha mãe passaram a me ver mais como homem. Meu pai não ligava, pois vivia sem camisa também. Para ele deve ter sido motivo até de orgulho, ver que eu havia tomado essa atitude mais masculina.
Por fim, desde 2016 vivo sem camisa dentro de casa, bermudinha e chinelos. A única exceção é o inverno; porém, basta um dia mais quente, no inverno, e lá estou eu sem camisa, mesmo que de calça jeans e meias.


Desculpa o tamanho do texto/crônica pessoal. Muito obrigado aos que tiverem tido a paciência de lê-lo por completo.
Fico muito feliz de poder estar compartilhando a minha história pessoal. Sei que ela não tem aspecto de história de sucesso, porém é a minha história.
Obrigado!

Lucas S, Ricardo_tac e Vareta curtiram isto

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Ricardo_tac
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Um simples ato, muitas descobertas Empty Re: Um simples ato, muitas descobertas

Qua 4 Jan 2023 - 23:10
Ouso repetir uma frase antológica de seu texto (nem longo e é uma história de sucesso sim !) : " ... sentido da poesia cotidiana de nossos sentimentos ..." ! Poesia pura ! Obrigado por compartilhar !
E que seu texto também sirva de exemplo para outros !
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Vareta
Mensagens : 11
Data de inscrição : 06/10/2022
Idade : 34

Um simples ato, muitas descobertas Empty Re: Um simples ato, muitas descobertas

Sex 6 Jan 2023 - 9:32
"jornada de tropicalização" ... Nunca tinha ouvido essa kkkk
Parabéns pelas escolhas das palavras e pelo seu tópico! E parabéns ainda pela atitude de compartilhar conosco!

Um simples ato, muitas descobertas 1f44f Um simples ato, muitas descobertas 1f44f
Lucas S
Lucas S
Admin
Mensagens : 369
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https://tiraracamisa.forumeiros.com

Um simples ato, muitas descobertas Empty Re: Um simples ato, muitas descobertas

Sex 13 Jan 2023 - 23:52
Rafael, seja bem-vindo ao fórum!

Muito bom o seu relato, a sua mudança de visão de mundo. Parabéns mesmo. Grato por compartilhar a sua história conosco.
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Um simples ato, muitas descobertas Empty Re: Um simples ato, muitas descobertas

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